Fatos históricos: Volatilidade nos EUA parece pior do que é
Queda recente no S&P 500 preocupa, mas análise da Fidelity destaca que correções são normais e oportunidades podem surgir no longo prazo

(Imagem: LeonardoAI/ Money Calls)
A recente volatilidade no mercado financeiro dos EUA, que levou a uma queda de 9,3% no índice S&P 500 (SPXUSD) desde o pico de fevereiro, pode parecer mais alarmante do que realmente é, segundo análise da Fidelity Investments obtida pelo Money Calls. De acordo com Jurrien Timmer, diretor global macro da divisão de alocação de ativos da Fidelity, “correções e volatilidade sempre foram o preço que os investidores devem pagar para capturar retornos de longo prazo”. Ele ressalta que, historicamente, o mercado passa cerca de 30% a 40% do tempo em declínio, mas recupera-se e segue gerando ganhos sólidos ao longo do tempo.
Timmer destaca que, desde 1927, o S&P 500 passou mais da metade do tempo negociando pelo menos 5% abaixo de um pico recente e mais de um terço do tempo 10% abaixo. “Esses tipos de recuos são incrivelmente comuns”, afirma. Apesar disso, o índice teve um retorno médio anual de 13,3% desde 1980, mesmo com quedas de 5% ou mais em 93% dos anos e de 10% ou mais em 47% deles.
O relatório da Fidelity também aborda o atual ciclo de alta do mercado nos EUA, que começou em outubro de 2022 e está próximo da idade média de bull markets, que é de 30 meses. Timmer observa que, embora o mercado esteja em uma fase mais madura, com índices de preço-lucro (P/E) elevados, o crescimento dos lucros continua em dois dígitos. “Estamos nas entradas finais do bull market, o que torna o mercado um pouco mais propenso a oscilações”, explica.

(Imagem: Fidelity Investments)
Além disso, o diretor global macro da Fidelity aponta que as recentes mudanças na política comercial dos EUA têm impactado o mercado.”A perspectiva de novas tarifas surgiu durante a campanha eleitoral, mas o mercado esperava que fossem táticas de negociação ou que seriam revertidas rapidamente”, diz Timmer. No entanto, ele ressalta que agora é difícil ignorar que as tarifas estão de fato sendo implementadas, o que contribuiu para a volatilidade recente.
Outro aspecto destacado no relatório é a mudança na liderança do mercado. O grupo conhecido como “Magnificent 7”, composto por megaempresas de crescimento, caiu quase 20% desde o pico de dezembro. Enquanto isso, mercados fora dos EUA, especialmente na Europa, têm se destacado, impulsionados por fatores geopolíticos e expectativas de aumento nos gastos fiscais em defesa e infraestrutura.
Timmer enfatiza que, apesar das incertezas, os investidores não devem “catastrofizar” a situação. “O mercado já se recuperou de todos os períodos de queda ao longo da história, às vezes lentamente, mas muitas vezes rapidamente”, afirma. Ele reforça a importância de manter a compostura durante os períodos de volatilidade para aproveitar os benefícios do crescimento de longo prazo.
A análise da Fidelity também ressalta que, embora as quedas sejam desconfortáveis, elas são parte intrínseca do investimento em ações. “Manter a calma durante os 30% a 40% do tempo em que o mercado está em declínio é crucial para capturar os retornos compostos de longo prazo”, diz Timmer. Ele lembra que, mesmo com recuos frequentes, o mercado tem se mostrado resiliente ao longo das décadas.
Para os investidores, a mensagem é clara: a recente retração, embora preocupante, não é incomum e não deve ser motivo para pânico. “Talvez a queda pareça pior do que realmente é”, sugere Timmer. Ele recomenda que os investidores mantenham o foco em seus planos de longo prazo e evitem decisões impulsivas baseadas em movimentos de curto prazo.

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