AT&T une potencial e dividendos: “Compre”, diz BofA

Empresa tem uma estratégia bem equilibrada para impulsionar o crescimento lucrativo de longo prazo
Última atualização: 14/07/2025Por Tags: ,
AT&T

Sede da AT&T (Imagem: Divulgação/ AT&T)

O Bank of America (BofA) retomou a cobertura do setor de telecomunicações dos Estados Unidos com uma postura seletiva, destacando a AT&T (T) como sua principal recomendação de compra.

Em relatório assinado pelos analistas Michael J. Funk, Matthew Griffiths e Alexander Waters, o banco atribuiu rating de “Buy” (compra) para a AT&T e “Neutral” (neutro) para Verizon (VZ) e T-Mobile (TMUS), refletindo uma visão diferenciada sobre o posicionamento estratégico e as perspectivas de retorno de cada companhia.

“A indústria de telecom é frequentemente vista como homogênea”, afirmam os analistas, “mas T, TMUS e VZ possuem características únicas ligadas à estratégia, fusões e aquisições, priorização de métricas, retorno de capital e potencial de revisão de estimativas.”

Segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira (7) e obtido pelo Money Calls, o momento exige uma abordagem criteriosa, voltada à identificação de oportunidades de valorização de múltiplos, retorno aos acionistas e modelos operacionais com maior potencial de alta do que de risco.

AT&T é destaque com estratégia equilibrada

A AT&T foi posicionada como a melhor opção do setor, com preço-alvo de US$ 32 por ação, representando um potencial de 12% de valorização frente às cotações atuais, além de um dividendo de 4%. Para os analistas, a empresa se destaca por uma estratégia equilibrada de crescimento sustentável baseada em ativos próprios nas áreas de rede móvel e fibra óptica, além de um foco operacional reforçado após a venda de ativos não estratégicos.

“A AT&T tem uma estratégia bem equilibrada para impulsionar o crescimento lucrativo de longo prazo, com ativos próprios em redes móveis e fibra”, afirmam os analistas. A empresa também se diferencia pelo compromisso com o retorno de capital: o plano prevê US$ 40 bilhões devolvidos aos acionistas até o final de 2027, por meio de dividendos e recompra de ações.

Com múltiplos ainda descontados em relação aos pares, a AT&T negocia a 7,5 vezes o EBITDA estimado para 2026, um desconto de 30% em relação à T-Mobile e um prêmio de 9% sobre a Verizon. “Dado o momento operacional positivo, a combinação robusta de ativos e o plano claro de retorno de capital, acreditamos que a AT&T deveria negociar mais próxima da T-Mobile do que da Verizon”, escrevem os analistas.

O valuation da AT&T foi calculado com base em um múltiplo de 13 vezes o fluxo de caixa livre (FCF) projetado para 2026. A projeção inclui um crescimento de 7,7% no FCF, recompras de ações equivalentes a 3% do capital e um dividendo anual de 4%.

Perspectiva competitiva e papel da AT&T

O BofA destaca que o ambiente competitivo no setor está se intensificando, o que pode limitar aumentos de preços no futuro. “A intensidade competitiva está aumentando, o que provavelmente tornará mais difícil implementar novos aumentos de preços”, apontam os analistas. Nesse cenário, a capacidade de competir de forma eficiente e, ao mesmo tempo, retornar capital aos acionistas se torna um diferencial — e a AT&T, segundo o banco, está bem posicionada nesses dois aspectos.

“A AT&T tem a maior flexibilidade para competir de forma eficaz e retornar capital, o que vemos como a melhor oportunidade para impulsionar o desempenho das ações”, diz o relatório. Em 2026, o retorno total projetado aos acionistas (dividendos mais recompra) deve representar 7,2% do valor de mercado da empresa — o maior entre as três operadoras.

Visão neutra para Verizon e T-Mobile

Já para a T-Mobile, os analistas adotaram uma postura mais cautelosa. Embora a empresa continue com bom desempenho comercial, sua ênfase na conquista de novos clientes e sua valorização já elevada reduzem o espaço para revisões positivas de estimativas e expansão dos múltiplos. “A ênfase da T-Mobile em metas de adições líquidas, combinada com um valuation premium, deixa pouco espaço para revisões positivas nas estimativas”, avaliam os analistas.

No caso da Verizon, a nota neutra reflete uma estratégia voltada à preservação da base de clientes premium e ao crescimento responsável. No entanto, a proposta de aquisição da operadora regional Frontier traz incertezas que podem pressionar o fluxo de caixa. “A aquisição proposta da Frontier adiciona incerteza de execução e deve pressionar o fluxo de caixa no curto prazo”, destaca o relatório.

Setor subvalorizado

Apesar de o setor de telecomunicações ser tradicionalmente visto como maduro e pouco dinâmico, o Bank of America argumenta que o desempenho recente das ações indica que fatores específicos de cada empresa estão ganhando importância. “Desde 2023, a T-Mobile teve retorno total de 53%, a AT&T de 84%, e a Verizon ficou 800 pontos-base abaixo do S&P 500 com 27%”, lembram os analistas.

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